quinta-feira, 28 de novembro de 2013
As marcas de uma noite
Noite, me assusto com a sua chegada,
Porque trás consigo a dolorosa solidão,
Um peso que não posso carregar,
Nem pensar em vinho, luar e violão,
Os olhos esbugalhados e com o rosto no travesseiro,
Não podem enxergar em meio a escuridão,
A face não pode sentir o macio das suas mãos,
A noite amplia a tortura e,
Além das trevas, me invade com o silêncio cortante,
Como uma lâmina penetrando sob as unhas da razão,
E chora constante,
Com o semblante,
E até mesmo com o sorriso,
Que é um implante,
Distante,
Mas cubro a mancha da dor com outra feroz e poderosa,
Deixo o coração que está marcado e,
Do lado esquerdo, em sua morada,
Continuará surrado,
Do outro, meu peito está marcado e,
Escorrendo pelo braço, os riscos da expressão e do instinto,
Aguardarão a manhã esplendorosa para se renovarem,
E a próxima noite se apresentará,
Me assustará, me trará amargura e palpitação,
Minha sombra me abandonará,
E atravessarei sozinho e,
Com os olhos abertos,
Suportarei outras marcas,
Que contornarão as letras da minha poesia,
Ainda que as escreva do chão!
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Entre luzes
Confie a mim o teu desejo,
E coloque ao nosso redor estas velas acesas,
Prepare o lençol e aproxime esse pescoço dos meus lábios,
Arrepie esta pele cheirosa, de maneira involuntária,
Envolva os músculos, vagarosamente, todos eles,
Aqueça a alma e, ganhe meus olhos
Num teso obstinado,
Se contorça entre gritos e movimentos brutos e desordenados,
Espanque este peito e risque-o com os seus dentes,
Penetre suas mãos e arranque este coração,
Faça força e friccione este corpo úmido,
Em qualquer parte do meu,
Contraia, sem controle, os músculos enrijecidos e,
Acumule carne sob as unhas,
Chore pelos poros a sua poesia,
Alcance outro mundo na satisfação da libído,
E me ame completamente,
Me abrace com ternura,
Repouse em meus ombros largos,
Umedeça com a língua esses lábios doces,
Assopre e, retire, pelo canto da boca, os cabelos sobre os olhos,
Para que eu possa encontrar o seu sorriso neles,
E volte a viver a nossa poesia!
Penetração
Você se produz para isso,
Demonstra a forma,
Uma tatuagem,
Um bom cheiro,
Bem vestida,
Provocante...
Um sorriso de quem,
Com os lábios semi-abertos,
Aguarda um beijo de verdade,
Úmido e quente,
Continuado...
De perspectiva corporal,
Que continue pela pele,
Que penetre além do ambiente da música e pessoas...
Que seja descoberta...
Poro por poro,
E que seja trazida ao peito,
Com força e delicadeza...
Desacorrentada da própria liberdade,
Mas aprisionada ao encanto da paixão!
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