sábado, 7 de setembro de 2013

Lágrima e Tesão


























São meus os seus olhares,

Sob o som de rock e seus acordes,

Beijos intensos como mares,

E movimentos precisos e tão concordes,

Álcool ou água, não importa mais,

Os sentidos aguçam uma força,

Que não acorrento jamais,

Ali, seu corpo tremendo,

Num movimento voraz,

Sou algoz da sua sede,

Negando um líquido,

Que em indiscreta quantidade se perfaz,

Beijo seus olhos de salgada expressão,

Lágrimas que transbordam amor,

De indescritível e incontido tesão,

Ainda rasgo a sua pele,

Com sussurros e gritos,

E arranhões na minha alma,

Deixam de ser conflitos,

Somos um só na pele manchada,

Pelo atrito que não se acalma,

Ofegante,

                 Gritante,

                               Gigante,

                                              Bastante,

Explodindo na sua carne,

Com ardor e alarde,

Rompendo mundos sem ser covarde!

Solidão
















E esta solidão que ecoa,

O abraço que não vem,

O silêncio que soa,

E a paz que não se tem,

Qual o sentido da vida?

Se no corpo não há ferida,

E a alma que não se cura,

Por mais que se mostre pura,

Num desalento se mantém,

Mas ao abraçar a solidão,

Encontra-se paz no silêncio,

E a pureza da alma,

Se cura na ferida do corpo,

E respeita-se o sentido da vida,

Porque talvez esteja morto!

A Dor, a Alma e o Corpo

















Minha alma insiste num caminho,

Em que o corpo anda contrariamente,

O corpo paga com a dor,

Enquanto a alma condena cheia de pudor,

Mas o que sabe a alma da dor do corpo?

O que sabe a humanidade sobre a alma,

Se aquela é feita de corpo?

O que minha dor sabe sobre minha alma,

Se seu desiderato é surrar o corpo?

E o que saberá o corpo sobre a alma,

Se somente é o invólucro retórico impudico de um pudor de alma que não sinto no físico?

Minha poesia é a contradição explosiva entre minha alma e meu corpo,

E a dor se camufla no contorno de cada letra,

E as lágrimas libertam-se a cada ponto!

Arrependimento e Morte




















Esta dor é minha,

Eu escolhi,

Mas no fundo do poço é sombrio,

E só agora conheci,

Por que queres senti-la por mim?

Não há volta deste caminho,

Com neblina e uivos horrendos,

Não há volta desse seu caminho,

Que cega andastes,

Com sorriso de desprendimento e de vazio,

Por vingança ou ilusão,

Com a desculpa da carência,

Ou pela falta de afeição,

Livrou-se das próprias amarras,

Desprezou-se a vontade do mesmo coração,

Descobriu-se decidindo pela morte,

Não há o que se provar para o outro,

Mas para si mesmo,

Sorrindo e amando,

Chorando e odiando,

O único coração que se mata,

É aquele que reflete no espelho do arrependimento,

E o arrependimento é não matar o coração, por consciência,

Mas vê-lo sangrar numa dor que não se mata!

Não Engula




















Extraia com a boca o suco,

E para ele dê qualquer rótulo,

Descreva qualquer sabor,

Mas não engula,

Mantenha na sua língua e devolva na minha,

Espalhe pelo meu corpo,

Num mapa de poros que respiram você,

Agora, deixe-me transitar pelo seu busto,

Pela saliência pigmentada tão peculiar,

Deixe-me espalhar o mesmo suco,

Misturado e quente,

Depois roubá-lo de ti para secar-lhe a boca,

Sim, é a sua saliva que quero sorver,

Porque é um suco que não se contém na sua,

Mas na euforia da minha!